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Ipê Rosa

Handroanthus heptaphyllus

Família – Bignoniaceae

Nomes vulgares: ipê, ipeúna, na Bahia, no Espírito Santo e no Estado de São Paulo; ipê-rosa-de-folha-larga, ipê-roxo-da-casca-lisa e ipê-roxo-de-bola, no Estado de São Paulo; ipê-rosado, no Paraná; ipê-róseo; ipê-roxo, na Bahia, no Distrito Federal, em Minas Gerais, em Mato Grosso do Sul, em Mato Grosso, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Estado de São Paulo; ipê-roxo-do-grande; ipê-de-flor-roxa; ipê-de-minas; pau-cachorro; pau-d’arco, na Bahia, no Distrito Federal, em Minas Gerais, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte, pau-d’arco-rosa, na Bahia, no Ceará, na Paraíba, em Pernambuco e em Minas Gerais; pau-d’arco-roxo, em Alagoas, na Bahia, no Ceará, no Pará, na Paraíba e em Pernambuco; piúna; piúna-roxa, em Goiás e em Mato Grosso; piúva e piúva-preta, em Mato Grosso do Sul.

Descrição: árvore caducifólia, com 10 a 15 m de altura e 30 cm de DAP na Caatinga, podendo atingir até 50 m de altura e 100 cm de DAP na Amazônia (Paula & Alves, 1997), na idade adulta.

Tronco: frequentemente tortuoso, podendo ser encontrados indivíduos de porte reto e cilíndrico. Fuste geralmente curto, com 4 a 8 m de comprimento, atingindo no máximo, 12 m. Casca com espessura de até 12 mm.

Folhas: opostas digitadas, com pecíolo de até 11 cm de comprimento, geralmente com cinco folíolos, com margem inteira ou levemente serreada até o ápice. Os folíolos apresentam mechas de pêlos na axila da nervura principal com as secundárias.

Flores: rosadas a lilás, tubulares, vistosas, com 4 a 7,5 cm de comprimento, reunidas em panícula terminal, apresentando-se em cacho, em forma de bolas.

Fruto: síliqua cilíndrica estreita, deiscente, com 12 a 56 cm de comprimento e 1,3 a 2,6 cm de largura, com numerosas sementes.

Semente: cordiforme, tendendo a oblonga, plana, de superfície lisa lustrosa, marrom-clara, com presença de asa membranácea nas duas extremidades também marrom-clara transparente, de até 3 cm de comprimento (Souza & Lima, 1982).

Biologia Reprodutiva e Fenologia

Sistema sexual: planta hermafrodita.

Vetor de polinização: principalmente pela abelha-mamangava (Bombus morio) e pela abelha-irapuá ou abelha-arapuá (Trigona spinipes) (Pirani & Cortopassi-Laurino).

Floração: de fevereiro a maio, na Bahia; de maio a junho, no Distrito Federal; de maio a novembro, no Estado de São Paulo; em julho, no Ceará e em Goiás; de julho a agosto, em Minas Gerais; em agosto, no Acre, e de setembro a outubro, em Pernambuco.

Frutificação: os frutos amadurecem de junho a setembro, no Estado de São Paulo; em agosto, no Distrito Federal, e de setembro a outubro, em Minas Gerais. O processo reprodutivo inicia por volta dos 5 anos de idade, em plantios.

Dispersão de frutos e sementes: anemocórica, pelo vento.

Aspectos Ecológicos

Grupo sucessional: espécie secundária tardia (Durigan & Nogueira, 1990), ou clímax exigente de luz (Werneck et al., 2000).

Características sociológicas: sua distribuição é ampla, mas descontínua. Em florestas primárias, a densidade é muito baixa, apenas com alguns indivíduos de grande porte emergentes no dossel (Durigan et al., 1997); não se encontram, com facilidade, exemplares jovens nas matas (Nogueira, 1977). Em Minas Gerais, passa das matas para os pastos, como árvore isolada. É árvore longeva.

Produção de Mudas

Semeadura: recomenda-se semear em sementei- ras e depois repicar as plântulas para sacos de polietileno com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno de tamanho grande. A melhor profundidade de semeadura é entre 0,5 cm e 1 cm (Silva et al., 1985). A repicagem pode ser efetuada entre 3 a 5 semanas após o início da germinação.

Germinação: epígea, com início entre 10 a 30 dias após a semeadura no viveiro, e entre 3 a 10 dias em germinador. A germinação é alta (até 100%) em germinador (Barbosa, 1982) e até 70% em viveiro. As mudas atingem tamanho adequado para plantio, cerca de 6 meses após a semeadura.

Propagação vegetativa: o ipê-rosa pode ser propagado por enxertia, pelo método da garfagem em fenda cheia, apresentando, após 30 dias, 40% de pegamento (Silva, 1982). O crescimento do ipê-rosa é lento a moderado.

Produtos e Utilizações

Madeira serrada e roliça: a madeira do ipê-rosa pode ser usada em acabamento interno, confecção de artigos de esporte, cabos de ferramentas e implementos agrícolas; em construções externas é utilizada como estruturas, dormentes e cruzetas; esquadrias e lambris; peças torneadas, tacos e tábuas para assoalhos, vagões, carroçarias e instrumentos musicais; em construção civil é usada como caibro, forro, ripa, vigamentos, e degraus de escada e postes.

Energia: lenha de boa qualidade.

Celulose e papel: espécie inadequada para este uso. O comprimento das fibras varia de 1,28 a 1,51 mm.

Constituintes químicos: pouca presença de alcaloides no lenho e na casca (Sakita & Vallilo, 1990). O botânico Theodoro Meyer, da Universidade de Tucuman, Argentina, conseguiu isolar importantes componentes do ipê-rosa, como a quinona, cujo efeito germicida pôde ser comprovado (Cavalcante, 2001). A quinona possui uma estrutura semelhante à da vitamina K6, que detém efeito adstringente que auxilia o metabolismo do fígado na produção de protombina e de outras substâncias que participam da coagulação sanguínea.

Substâncias tanantes: presença de tanino na casca e no lenho (Sakita & Vallilo, 1990). Espécie tradicionalmente utilizada para extração do tanino, na Chapada do Araripe, no Ceará (Pinheiro, 1997).

Medicinal: a infusão da casca do caule tem aplicação medicinal no combate à escabiose (sarna); daí, seu nome específico, impetiginosa, isto é, contra o impetigo (Rodrigues, 1998). O produto do cozimento da casca é adstringente e mucilaginoso, útil contra úlceras sifilíticas. Pode ser usada também como hipertensor e no tratamento de doenças sexualmente transmissíveis. A infusão da entrecasca é usada contra anemia (Figueiredo, 1979), e o cerne como anticancerígeno (Almeida et al., 1995). Ipê-rosa com mais de 40 anos é o que oferece chá de melhor qualidade (Lubeck, 2000). As folhas têm idêntico uso, sendo também antiblenorrágicas (Campelo, 1990). A espécie tem, também, propriedades anti-inflamatórias e antigástricas (Berg, 1986; Almeida et al., 1995). A casca interna do ipê-rosa é recomendada por médicos especialistas em ervas, para aliviar e prevenir os problemas decorrentes da quimioterapia e de tratamentos à base de antibióticos, assim como o uso incorreto da cortisona (Cavalcante, 2001).

Paisagístico: espécie muito empregada como árvore ornamental, devido à beleza de sua floração, sendo usada em arborização, de vias públicas, parques, praças e jardins de várias cidades brasileiras (Duarte, 1979; Cesp, 1988; Toledo Filho & Parente, 1988; Sousa et al., 1990).

Reflorestamento para recuperação ambiental: essa espécie é recomendada para recuperação de ecossistemas degradados, onde apresenta deposição de folhedo de 979 kg/ha.ano, 7 anos após o plantio (Garrido, 1981). Apesar de apresentar sintoma moderado de fitotoxidez, o ipê-rosa é considerado promissor em programas de revegetação de áreas com solo contaminado com metais pesados, tais como zinco (Zn), cádmio (Cd), chumbo (Pb) e Cobre (Cu) (Marques et al., 1997.

Fonte: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/231723/1/Especies-Arboreas-Brasileiras-vol-1-Ipe-Rosa.pdf