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Atingidos pela Samarco ganham na Justiça direito a auxílio financeiro integral

A Justiça Federal de Minas Gerais, em sentença divulgada na ultima sexta-feira (08/02), derrubou uma liminar que autorizava a empresa a reduzir os valores das indenizações aos pescadores, decorrentes da tragédia de Mariana, em 2015.
 
Na prática, os valores mensais recebidos pelos pescadores, através do conhecido cartão da Samarco, não serão deduzidos nas indenizações, entre elas o chamado lucro cessante, que deve ser pago anualmente aos profissionais da pesca.
 
A Fundação Renova, criada com o objetivo de reparar os danos causados pela tragédia de Mariana, limitou-se a dizer em nota que vai cumprir a decisão judicial. A expectativa é que o chamado lucro cessante comece a ser pago aos pescadores já nos próximos dias.

A vitória dos pescadores foi bem recebida e só reforça a luta dos atingidos de Mariana, que fizeram dois protestos em Baixo Guandu em janeiro e fevereiro, reunindo representantes da categoria em todo o Vale do rio Doce.
 
No dia 14 de janeiro, uma manifestação chegou a paralisar o tráfego de trens da Vale durante 30 horas, com os atingidos ocupando a linha férrea em Baixo Guandu.
 
No dia 1º de fevereiro, representantes dos atingidos de 21 localidades de Minas e do Espírito Santo fizeram nova reunião em Baixo Guandu, protestando especialmente contra a liminar judicial que permitia o desconto no pagamento as indenizações, decisão que foi revogada em sentença na última sexta-feira.
 
Mas a luta continua: em março, após o carnaval, uma grande manifestação vai ocorrer novamente em Baixo Guandu, procurando respostas da Fundação Renova a uma série de questionamentos relacionados às indenizações. Entre eles, o reconhecimento de pescadores que ainda não receberam nada e de outras categorias que não foram reconhecidos como atingidos, caso dos retiradores de areia e dos artesãos que tiravam matéria prima do rio Doce nos seus trabalhos.
 
Farsa
O prefeito Neto Barros vê como importante a decisão da Justiça contra a Samarco, reconhecendo o direito dos pagamentos integrais aos pescadores, mas assegura que a luta continua. 
 
Neto denuncia que Baixo Guandu nunca recebeu um centavo de ressarcimento da Fundação Renova pelos danos causados pela tragédia de Mariana. “A Renova é uma farsa, que está do lado dos poderosos que provocaram a tragédia”, assegura o prefeito, que foi ameaçado de processo por defender os atingidos nas reuniões do Comitê Interfederativo (CIF), no qual Neto Barros é representante dos municípios capixabas.
 
No final de fevereiro o CIF se reúne novamente em Brasília e o prefeito Neto já deixou claro que não recua de suas posições em defesa dos atingidos. “A ameaça de processo só reforça nossa luta. Estarei na reunião de Brasília para reiterar nosso posicionamento em defesa do meio ambiente, das reparações que a população tem direito e lutando pela recuperação sócio-econômica de toda a região atingida”, garante o prefeito guanduense.


No dia 14 de janeiro, manifestantes paralisaram por 30 horas o tráfego de trens da Vale em Baixo Guandu


O prefeito Neto Barros apóia a luta dos atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana


Urubus se alimentando de peixes mortos próximo à usina de Mascarenhas, em 2015: retrato do desastre ambiental